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O Galo na Torre

     É costume muito antigo na Europa a colocação de um galo de bronze em torres de templos e até de castelos. E é mais comum em templos protestantes, com exceção de Portugal, Espanha e Itália, onde aparecem mais templos católicos. Pelos laços brasileiros com esses três países o galo pode ser visto aqui em torres de igrejas católicas tradicionais da Bahia e Rio de Janeiro, principalmente.
     O galo é tido pelos poetas e trovadores como símbolo do Alvorecer, do amanhecer de um novo dia, novo tempo de recomeçar. Simboliza também o vigilante que espera pela Aurora. Pela tradição, é visto na representação da gruta de Belém nos diversos presépios que são produzidos em honra do nascimento de Jesus, porque teria sido um dos animais presentes na manjedoura em que a Mãe de Deus colocara o Deus-Menino, porque não encontraram lugar para Ele na cidade dos homens.
     Naquele dia, certamente, cantou mais forte. É como deve ser o cristão: fazer a cada dia o anúncio de que Jesus está presente na vida, não importa onde ou como estejamos; que é hora de levantar-se, de recomeçar em temor, de fazê-lo renascer no próprio coração e de anunciá-lo aos homens e mulheres desanimados. Que todos confiem no Pai bom e compassivo, Deus justo, que cumpre sempre suas promessas, em troca, apenas, de que tenhamos fé.
     Tem também uma finalidade social e meteorológica o galo na torre. Colocado no centro de uma base de ferro que lhe permite girar 360 graus, sobre si mesmo e por seu desenho aerodinâmico, tem o bico sempre voltado para o lado de onde vem o vento; e a base tem quatro hastes também de ferro, em forma de raios, cada uma com cerca de sessenta centímetros de comprimento: uma apontada para o Nordeste, com a letra N; uma para o Sul, com a letra S; uma para o Leste com a letra L ou E, e por último a que aponta para Oeste, com a letra O ou W, expondo, permanentemente, as pontas cardeais. Segundo os observadores mais curiosos, quando o bico do galo aponta para o Nascente, vem chuva, na certa.
     Na torre da igreja de Jaicós esse adorno foi mandado colocar pelo padre Marcos de Araújo Costa, construtor da Igreja Matriz [concluída em 1837]. Trouxe a idéia de Portugal onde, em Coimbra, cursou o seminário. Preocupado com o interesse do dia-a-dia do seu povo, acrescentou esse serviço a sua obra missionária e de educador. A solidariedade do grande apóstolo e de homem público autêntico, digno de todas as honras do seu povo.
**** **** Autor: José Rafael Filho - Diretor da Escola Normal Alberto Luz (ESNAL)


 

O Galo já caiu da torre em 1947

     O galo – principal símbolo da terra de Jaicós – já caiu da torre e quase provocou uma tragédia. O galo, feito de bronze e colocado no topo da igreja matriz Nossa Senhora das Mercês, pelo padre Marcos de Araújo Costa, caiu da torre no ano de 1947, depois que um forte raio atingiu o objeto metálico.
     O galo caiu ao lado da Praça Padre Marcos a poucos metros de um caminhão que transportava passageiros com destino a Fortaleza[CE] fazendo o trajeto saindo de Jaicós, passando pela localidade Boa Esperança [depois município de Padre Marcos], Fronteiras, Campos Sales, Iguatu e finalmente a capital cearense. No local várias pessoas estavam esperando o transporte que era feito por via terrestre em estrada vicinal.
     O vigário da paróquia, padre José Inácio Madeira, providenciou a recolocação do galo no local num trabalho feito por dois pedreiros durante um dia inteiro de serviço. A estrutura foi reforçada para evitar nova queda.
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Morcegos

     Dezenas de morcegos estão alojados debaixo da parte oca das duas torres da Igreja Nossa Senhora das Mercês, sujando com fezes as escadarias de acesso aos sinos centenários e ao sistema de autofalante implantado pelo padre Ciquinho, em uma das torres – a principal que fica o galo.

 


FONTE: Folha de Picos - editores: Fábio Gonçalves, Orlando Berti, Deisy Fernanda